Da decepção

24 de jan. de 2010 - não enviada por Camila Rufine 4 comentários
Ela não esperava por essa.

E, de repente, o esboço de esperança que ela tinha desapareceu, dando lugar a um dos maiores sentidos figurados - e clichês - da decepção: o chão se abriu, deixando seus pés sem apoio. Uma queda imaginária, mas sem fim, que fez o seu estômago congelar. Seu corpo tremia.

Ainda anestesiada pela novidade, teve ganas de se punir. Queria qualquer coisa feia para si mesma como castigo por ter acreditado que daria certo. Pensou em desinfetar sua derrota com a ingestão de qualquer coisa alcoólica. Cogitou desistir de tudo, mais uma vez.

Depois de alguns instantes seu cérebro voltou a funcionar. E mais rápido, para compensar o tempo de letargia. Na pressa, dopou-a com uma descarga enorme de enzimas. Ao menos foi esse o diagnóstico que ela se deu quando sentiu uma vontade incontrolável de gargalhar. Achou que poderia estar louca. Talvez fosse isso mesmo. Tudo não passaria de um delírio esquizofrênico. Mas não era. Abriu e fechou os olhos e a verdade continuou ali, escancarada.

Voltou para o quarto para se recompor. Abriu a gaveta em busca do celular para pedir o ombro da amiga mais próxima. Mas antes de alcançar o aparelho, encontrou a cartela de anticoncepcional e viu que restavam apenas duas pílulas. Bingo. Ela estava de tê-pê-eme. Isso explica os quilos a mais, mesmo ela tendo feito o regime certinho. Explica também todo esse drama mexicano acerca do ocorrido.

Concluiu que já que era sexta-feira, poderia jogar tudo para o ar. Então, continuando com os clichês da noite, ela abriu o pote de sorvete, colocou seu pijama e deu play no filme que ela estava enrolando para assistir. Esqueceu dos jeans apertados no guarda-roupa e jurou a si mesma jamais subir em uma balança outra vez. Mas assim como a promessa que ela fez de nunca se apaixonar novamente, ela sabe inconscientemente que essa é uma garantia que mulher nenhuma pode dar.

Para que você saiba

14 de jan. de 2010 - não enviada por Graci 4 comentários
Ontem eu te dei um abraço, dois, mas queria mesmo é ter roubado ao menos metade da sua dor.

Fiquei ali enquanto você estava presente, porque se havia alguém que precisava de atenção – ou pelo menos de consideração -, era aquela que não conseguia manter os olhos abertos sem lágrimas. Olhar você, as outras pessoas, aquele cenário estranho e complexo, fez com que eu ficasse mortificada e inebriada.
Tive vontade de sair correndo para me sentir novamente viva. Senti o desejo de dizer para cada uma das pessoas que amo o quanto elas são importantes. Quis ter aquele homem que achei interessante na minha frente para poder lhe contar o quanto estaria disposta a me entregar. Quis ser imortal quando lembrei do Marco Antônio e do que eu significo para ele, tanto quanto ele significa por mim. E senti medo, muito medo. Fiquei parada, petrificada.

Pensei em quanto já tive medo da morte, no tanto que tenho e no que esse medo desencadeia. Desejei apenas não sentir medo quando ela estiver próxima, muito próxima apenas, porque, afinal, ela está em todos os lugares e ter medo dela é ter medo da vida. Mas, tenho medo de ver você de novo e a tristeza estampada em seu rosto, mas como você, que vai encarar a vida sem o seu amor, terei coragem para estar mais perto do nunca estive.

Essa é uma promessa, daquelas que serão cumpridas e não esquecidas com o surgimento de uma nova aurora.

Afeto, de fato

10 de jan. de 2010 - não enviada por Camila Rufine 6 comentários
Depois de um sábado inteiro de folga e longe de casa, era meio dia de domingo e eu esperava na cozinha pelo início da minha jornada dominical como Au Pair. Foi quando Jake, o 'meu' menino mais velho (2 anos) entrou pelo batente de braços erguidos. Ele queria me dar um abraço e eu reagi sinceramente surpresa.

Enquanto pegava ele no colo para dar e receber um longo abraço, o pai chegou na cozinha e ficou admirando a cena. E quando teve a oportunidade, ele disse que o menino esteve temperamental e difícil toda a manhã e que então era uma cena boa de se ver.

Depois que coloquei o menino no chão ele estendeu os braços para que eu o pegasse no colo novamente. Dessa vez ele me ofereceu o leite do seu copinho plástico e deu a maior gargalhada com a onomatopeia de goles que simulei.

Nesse segundo, acabou a minha revolta por estar trabalhando num domingo à tarde, quando todas as minhas amigas estão reunidas fazendo alguma coisa legal.