Inutilitário Materno, capitulo I

12 de nov. de 2010 - não enviada por Camila Rufine 3 comentários
Para quem pensa em ser mãe, ou já é e ainda dá tempo de evitar uma tragédia:

Ame seu filho, eduque-o, ensine bons costumes, ética e moral, incentive o hábito da leitura, o respeito aos mais velhos e o cuidado com a natureza. Faça tudo isso. Mas não esqueça de fazer aquilo que considero, desde hoje, a segunda principal missão materna (só perdendo para 'ser e ensinar os filhos a serem honestos'): Não mime o seu rebento. Lembre-o que na sua casa ele pode até ser a atração principal, mas que fora dela muitos vão o achar sem graça. Que ele tem que prestar atenção para evitar ser inconveniente. Que ele é único, mas não é insubstituível. Que, apesar de que você o ame incondicionalmente, outras pessoas não irão. Que todo mundo tem vontades e que elas podem ir contra as dele. Que sempre que alguém ganha, outra pessoa perde e que ele terá que aprender a encarar as duas situações. Que ser inteligente não lhe dá o direito de ser arrogante. Que ser bonito não lhe dá direito de ser burro. Que ele tem responsabilidade pelos seus atos. Que ele tem que lutar para merecer.

Pode ser mais fácil criar um filho através de agrados, principalmente em um mundo cercado de violência, drogas e música ruim. Mas é justamente nesse mundo que o seu filho terá que sobreviver quando você morrer. Prepare seu filho para a vida real, não para ser um eterno infantilóide cheio de não-me-toques que só atrasará - ou, quizá, arruinará - a vida dos outros.

Um Animus para chamar de meu

1 de nov. de 2010 - não enviada por Camila Rufine 2 comentários
"Acordei de um sonho bom
Que eu queria gravar
Pra poder mostrar pra alguém
Que pudesse apontar

De onde vem esse anjo com quem sonhei?

Reconheço aquele olhar
E o que havia em volta
Mas se é tão familiar
Quero essa resposta

Quem mandou esse anjo com quem sonhei?
Diz pra mim..."
                                          (Gram - Sonho bom)


Dificilmente me acontece, mas quando tenho um sonho assim, fico o dia inteiro refletindo sobre suas possíveis interpretações. Sem saber o que é real e o que é ficção. Impressionada com a simbologia dos detalhes. Ainda mais quando o sonho procede uma fase punk de TPM e depressão temperada com uma ressaca dominical das bravas. Ainda mais quando é um daqueles sonhos que você tem certeza que já sonhou antes, ou que seja a continuação de um sonho antigo quase esquecido.


Acordei às 8h30 da manhã encantada com a doçura daquele anjo sem nome e de rosto desconhecido (muito embora familiar) que me escrevia cartas em códigos que só eu era capaz de entender. Que gostava de mim. Que tinha uma coleção de fotos nossas nas quais eu estava realmente bonita e feliz. Que, depois de um longo sumisso, me ligava de um telefone com DDD 23, cheio de novidades. Que tinha brigado comigo, era tão cabeça dura como eu, mas que tinha se arrependido, pois não conseguia ficar mais longe.


Estava tão seduzida pela ficção que tentei voltar a dormir, esperando continuar com o sonho, mesmo sabendo da tolice de desejar uma coisa tão difícil. Mas o sonho continuou, sim, me fazendo acordar ainda mais confusa. A mesma figura masculina, o mesmo sentimento de conforto por estar na presença de alguém que me fazia bem. Foi absurdo, mas ao mesmo tempo tão real que até chequei meu celular, ao levantar da cama. Se era um anjo, como na música do Gram, era um anjo muito charmoso, que corrigia minha pronúncia errada em inglês sem me fazer sentir burra e que me fez acordar sentindo uma felicidade estranha, quase impossível de tão simples.


*Animus: na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, são aspectos inconscientes de um indivíduo, opostos à persona, ou aspecto consciente da Personalidade. No inconsciente da mulher, esse aspecto é expresso como uma personalidade interna masculina: o Animus.