Caro Medo,

1 de set. de 2008 - não enviada por CamilaRufine
Boomp3.com

Você nem merecia que eu te escrevesse, afinal, depois de tanto tempo de submissão, resolvi assim, sem mais nem menos, que não preciso mais de contato contigo. Na verdade, nunca precisei de você. Apenas precisava acreditar que precisava.

Sou daquelas pessoas que se sentem atraídas por um drama e você começou me conquistando por aí. Mas todo drama tem fim, seja por carta, livro, música ou suicídio. Eu celebro meus fins escrevendo. Como você foi o meu relacionamento mais intenso, acho que merecia me dar o direito do desabafo.

Você me fez sentir mal, subestimou a minha capacidade, humilhou-me, fez-me acreditar que éramos destino e que eu não poderia viver sem você.
No começo eu senti que estava no controle, que podia me livrar com um estalar de dedos. Por tempos achei a idéia do sadismo interessante. Algumas pessoas diziam que a gente formava uma dupla charmosa. Eu dependia de você e você de mim.

Quando me dei por mim, flagrei-me agindo pateticamente na frente dos outros, provando a qualquer um que quisesse ver, a sua superioridade. Você me interrompia no trabalho e na faculdade, você me arrastava para baixo, você me impedia de expressar minha opinião.

Hoje foi diferente. Nada e tudo aconteceu. Acordei e te vi ali, deitado comigo na cama e simplesmente não encontrei mais sentido. Quase entrei em pânico quando comecei a pensar racionalmente. Fiquei com vergonha de mim. Do que os outros pensavam sobre isso tudo. Por isso resolvi ir e deixar você, sem maiores explicações.

Não sei se você foi um vício, uma fase ou uma maldição. Sei apenas que vou tentar de tudo (benzedeira, pai de santo, comprimidos ou auto-ajuda) pra que eu continue assim: livre de você.

Não quero mais você dentro de mim. Procure outro corpo e mentes para dominar, pois eu já cansei de ser conhecida como uma de suas garotas. Se quiser, fique com as minhas coisas antigas. Vou ficar com algumas lembranças suas, pois não me dói recordar. Como já disse, eu adoro um drama. Mas quero de volta uma coisa: a minha auto-estima. Sei que você tirou ela de mim e a deixou cair por aí. Não estou zangada. A culpa também foi minha. Por isso eu mesma vou procurá-la, sozinha.

Tomara que até nunca mais.


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3 Response to "Caro Medo,"

  1. Não-Enviadas Says:

    Boa estréia!
    Trocamos de personalidade para escrever. Agora eu sou a cômica e você a dramática. Gostei!

    E me identifiquei. Lá, na minha caixinha, tem uma carte que escrevi para vc e não terminei nem enviei. Com um trecho muito parecido. Vou te mandar e aí vc tira suas conclusões.

    E me aguarde, beibe...

  2. Paula de Assis Fernandes Says:

    Uma vez Camis, sempre Camis.
    Amei ver vocês na ativa. Amei os textos. Amei tudo!
    Saudade!

  3. Anônimo Says:

    Putz, Camis... tanto tempo longe, mas várias coisas em comum ainda: o medo que perturba... e a coragem de mandar ele catar coquinho!

    Beijo grande;
    Sucesso!