
Não estou aqui para oferecer um lugar no céu por um precinho camarada, nem pedir doação para a Fundação da Nossa Senhora do Dente do Siso. Mesmo assim, espero merecer sua atenção por um ou dois minutinhos.
Nunca a vi, mas já ouvi seu berreiro uma vez. E posso dizer dessa única impressão e também dos comentários que ouço a seu respeito, que você faz o tipo de mulher 'do-lar' cujo ponto alto do dia é acompanhar a novela das nove. Suponho que você se identifique com a mocinha da trama. E mais: sou capaz de apostar que você se olha no espelho e vê, além do reflexo de índa-semi-Perla, uma mulher sofrida, santa e caridosa que casou virgem e sofre a perseguição dos dois enteados.
Na sua cabecinha de alho, essa mulher santa que você acha que é, não faz nada além do bem. Sua moral aprova varrer lixo pro quarto dos filhos concebidos no pecado do seu marido; justifica dizer pra todo mundo que aquele vinho no chão do quarto da menina-bastarda seja macumba; acha digno de louvor chamar alguém de biscate, só porque fez sexo com o namorado...
Ô índia dos cabelos negros, acorda pra vida! Desliga a novela e vá ler um livro. Qualquer livro. Não tente segurar seu marido no desespero. Ao invés de tentar jogá-lo contra os filhos, tente encarar o sexo como um momento não só de procriação. No lugar de tentar fazer da vida seus enteados um inferno, faça a sua felicidade indepentente da ruína dos outros. Preste mais atenção e interprete melhor o sermão que o padre dá na igreja que você vai sempre que pode. E antes de blasfermar, lembre-se do bosta que seu filho legítimo está virando.
Péra, péra, péra! Antes de vir pra cima de mim com seu tercinho e água benzidos pelo padre da televisão ou fazendo o nome do pai repetidas vezes, deixe eu me apresentar. Sou uma amiga muito próxima da menina linda que você tenta constantemente acabar com a vida, por inveja, mas não consegue.
Ao contrário daquilo que você tenta se convencer que seja a realidade, ela não vive em um mundinho pequeno, não é infeliz e não vê a hora de morar longe de você e da sua esquizofrenia paranóica.
E não, eu não perdi meu tempo te escrevendo pra te convencer que você nunca será a protagonista gente boa que acredita ser. Estou quase ciente de que tenho mais poder de persuasão com um cachorro surdo do que com você. Mas sim, estou aqui pra rir da sua cara que nem conheço, pois dessa vez a 'mocinha' vai se lascar!
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